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Brito-Marcelino A, et al.
Rev Neuropsiquiatr. 2022; 85(2): 159-165
de espessante foi fundamental. O alimento sólido e o
líquido, respectivamente, exigem um maior controle
neuromotor na fase oral e um controle de proteção
laríngea (13). As consistências mel e pastosa, por
sua vez, promovem um melhor controle motor oral,
favorecendo a proteção de vias aéreas e não exigem o
processo de mastigação (13).
As manobras como a de Mendelson e a de
deglutições múltiplas foram utilizadas neste caso. A
manutenção da laringe na posição elevada favorece
excursão hiolaríngea, fortalecendo esta musculatura,
evitando estases em seios piriformes (13). A técnica de
deglutições múltiplas promove a limpeza de resíduos
alimentares em recessos laríngeos.
Técnicas vocais com sons plosivos, velares,
variação de frequência e vibração de lábios foram
também utilizados objetivando a reabilitação da
disfagia e a melhora da qualidade vocal. O paciente
apresentou evolução nos tempos máximos de fonação,
mas manteve a hipernasalidade (tabela 2). Estratégias
vocais têm sido utilizados na abordagem de pacientes
com disfagia, embora há uma incipiência cientíca
quanto a esse tipo de abordagem (14).
Houve evolução do paciente com a terapêutica
empregada no caso (tabela 2) em oito dias de
acompanhamento. Entretanto, a carência de uma
literatura sobre a abordagem fonoaudiológica na SMF
impossibilitou aferir com mais precisão o quanto a
abordagem terapêutica foi um elemento diferencial na
evolução do caso clínico apresentado.
CONCLUSÃO
A Síndrome de Miller Fisher é uma síndrome rara
e que, em alguns casos, pode comprometer os órgão
fonoarticulatórios. No caso descrito, foi utilizado
o protocolo fonoaudiológico padrão do hospital,
com melhora evidente na deglutição e na fala do
paciente. Apesar do reduzido número de sessões e da
impossibilidade do acompanhamento do caso a médio
e a longo prazo, observou-se a importância do papel da
equipe multiprossional, inclusive do fonoaudiólogo,
na avaliação e reabilitação dos casos de Síndrome de
Miller Fisher.
Correspondencia:
Arthur Marcelino
Contribuição dos autores
Arthur Brito Marcelino: participou das etapas de
planejamento, acompanhamento, desenvolvimento,
execução da pesquisa, elaboração e análise do caso
clínico.
Eduardo Luís Aquino Neves: orientou o planejamento
e a realização do estudo de caso, bem como a revisão
do artigo.
Brenda Carla Lima Araújo: Orientou e realizou a
revisão do caso clínico
Larissy Lima Santos: Contribuiu com avaliação da
versão nal do manuscrito para publicação
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